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Não há amizade que sobreviva a um amor não correspondido.


*imagem retirada daqui

Walk Tall




Mark: Walk tall.
Callie: What?
Mark: All you can do is be brave enough to get out there. You fought. You love. You lost. Walk tall, Torres.


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...

*imagem retirada daqui

And

*Imagem retirada daqui

Este dia.

Dia 16. 12:56

Hoje é dia 16 de Novembro de 2010. Estou a poucas horas da minha oral de agregação. É o último teste para finalizar este percurso profissional de três longos anos. Acho que certo dia escrevi que não sei muito bem como cheguei até à advocacia. Fui porque para mim não haveria outro curso. Fui aconselhada “o curso de direito abre-te muitas portas”. E eu acreditei. No segundo ano pensei em desistir. Aliás, os meus cinco anos na faculdade de direito foram algo atípicos, não ia às aulas, porque achava uma perda de tempo. Depois o stress começava dias antes dos testes com muitas horas na sala de estudo com os livros e apontamentos do Ricardo e da Paula. Eram os estudiosos. E eu a fã de noitadas. Depois enquanto todos iam dois meses e meio de férias para casa eu ficava porque tinha todas as orais. Dispensei a duas. Tornei-me mestre e especializada naqueles momentos de tortura. Tinha a sorte (o mérito?) de conseguir que quase todos os júris me achassem graça. E passei a todas, com excepção de Economia que só passei à terceira e Família que foi à segunda. O meu curso, portanto, foi sempre feito no mês antes das orais, ano após ano. Estudava sempre a partir das 14h até às 20h. Recomeçava às 23h e terminava entre as 3h e as 4h. Tive crises imensas de ansiedade e nervosismo. Nunca chorei. Aliás, uma única vez chorei. Na minha última oral, que sorte das sortes era a minha cadeira mais difícil: direito internacional privado. Passei o mês de Agosto de volta daquela cadeira. Nunca ninguém me conseguiu explicar ao ponto de eu perceber. Tive-me como burra. Mas naquele mês fiquei a saber DIP como mais ninguém. Sozinha. Foi um troféu pessoal aquele 12, quando no exame escrito tinha tido um 7. Quando soube a nota chorei enquanto do outro lado do telemóvel, os meus pais gritavam. A cria deles tinha se ultrapassado e eles estavam orgulhosos. Não mais do que eu, é certo.

Depois seguiu-se o estágio, com notas excepcionais. A prática era exigente. Tive uma Patrona excepcional, que agora vejo como amiga. Ela estará hoje comigo. Foi o meu braço direito. Deu-me as bases ao mesmo tempo que me entregou aos leões. Ela sempre acreditou. Ela e muitas pessoas que estão à minha volta. Hoje torcem por mim. E eu de coração nas mãos, espero o mesmo. Que tudo corra como só pode correr: bem.

Daqui a umas horas, eu serei Advogada. Como tenho certeza? Depois deste percurso, doloroso, turbulento, exigente, não posso aceitar outro título que não esse.

Advogada. Dia 16 de Novembro de 2010.


Adenda:

Passei. Depois de uma hora a ser avaliada, passei. Houve tempo para sorrisos, risos e muito nervosismo. Ainda não estou em mim. Verdadeiramente, ainda não estou. Sinto-me aliviada e cansada. Amanhã retorno ao trabalho com a consciência que necessitaria de duas semanas de férias. Mas não, a responsabilidade não diminuiu apenas aumentou. Estarei preparada. Após estes três anos, nada me conseguirá parar.

Um brinde.


P.s. Descobri que foste operada. Mais uma vez uma informação desta importância chegou-me não por ti. Estou feliz porque foi um êxito  e agora tenho mais certeza que estarás muitos anos ao meu lado, estou magoada porque não o podias ter feito. Eu teria de ter sabido de ti. Havemos de falar disto quando estiveres recuperada. Sei que quando souberes que passei, ficarás muito feliz e orgulhosa também. Sei.

Wicked game



"The world was on fire and no one could save me but you.
It's strange what desire will make foolish people do.
I never dreamed that I'd meet somebody like you.
And I never dreamed that I'd lose somebody like you.

No, I don't want to fall in love (This world is only gonna break your heart)
No, I don't want to fall in love (This world is only gonna break your heart)
With you (This world is only gonna break your heart)

What a wicked game to play, to make me feel this way.
What a wicked thing to do, to let me dream of you.
What a wicked thing to say, you never felt this way.
What a wicked thing to do, to make me dream of you"

É.



E tudo a ganhar. É o que tenho vindo a sentir nestes últimos dias. 

Perguntam-me: 
é possível que te sintas feliz quando ainda te encontras no meio do caos?

E eu agora sei responder:
é.

*imagem retirada daqui

(Bad) Romance



Eu não sou louca pela Lady que se diz Gaga. Quem me visse no Salto Alto diria que eu estava a mentir. Não, não estou. Eu gosto de dançar a Gaga. Eu vibro. Sem álcool até. Mas a Gaga trouxe-me a segunda música do Verão que ao que parece deixará de ser tocada pelo meu DJ favorito no meu bar predilecto. O que me deixa triste. Safa-se o MP3 onde por vezes religiosamente ponho-a tocar. Quase raramente mas ainda acontece. Esta música. Esta música é a música que me faz pular e gritar. É mais do que isso. Esta música é memória. Se lerem com atenção diz tanto. Depois, a música tem um ritual. Que acontece internamente e exteriormente. Espero que continue a passar nas noites do Salto. É um ritual, como disse. E existem rituais que eu tenho pena que deixem de acontecer.

E esta frase foi o hino do melhor Verão que em 26 anos vivi:

You and me could write a bad romance




 Se a memória devolvesse tempo o Verão ainda era hoje.

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The pains of love, and they keep growin', in my heart there's flowers growin' on the grave of our old love, since you gave me a straight answer.

Arcade Fire - Crown of Love




*imagem retirada daqui

O pecado mora ao lado por Mónica Marques




"Aviso prévio: este é um texto escrito em plena segunda adolescência. A segunda adolescência é uma coisa que dá a algumas pessoas mais ou menos a partir dos 35 anos e não se sabe exactamente quanto tempo vai durar. Durante esta crise costumamos padecer outra vez por não sabermos muito bem o que queremos, onde estamos e para onde vamos. Também perdemos todo o bom senso e objectividade e, às vezes, cometemos grandes loucuras,  sempre amorosas. Eu quase voltei a fumar, só porque comecei a acreditar que ficava sexy de cigarro na mão. 
Só os imbecis não têm e não nutrem as suas obsessões. Eu vivo às voltas com as minhas, e ser ou não ser fiel é uma delas: um bicho de sete cabeças. E para começo de conversa, vou já dizendo que acho a fidelidade amorosa uma impossibilidade: uma teoria tão utópica, capaz de fazer tanto mal às pessoas e provocar tantas atrocidades às suas relações, como o comunismo e seus gulags fizeram com os moscovitas que ainda hoje cambaleiam na praça vermelha, conservados em vodka. 
Curto e grosso: a fidelidade não é uma coisa natural. Não é natural porque qualquer  experiência amorosa é uma coisa fugaz e provisória. E se no início de uma relação as pessoas estão tão apaixonadas que não desejam mais ninguém, o tempo de convivência e os excessos da intimidade - os puns, os cocós, as tampas de sanita, as meias pelo chão, o mau hálito,  os Ob´s em cima do balcão da casa de banho (peçam-me para parar, please)  - são obstáculos à continuação dessa loucura a que costumamos chamar enlevo ou enamoramento. O Francesco Alberoni explicou-me isso nos bancos da Escola Secundária de Benfica, quando na escola ainda havia ciganos e eu achava que o meu primeiro amor - um cigano esperto - ia ser eterno.  É que nem cheguei a ter que viver tanta intimidade, porque  os pais dele fizeram o favor de lhe colocar um dente de ouro. E eu fiquei totalmente baralhada porque tinha perdido a vontade de lhe dar beijinhos e, enquanto procurava uma explicação para todo aquele repentino desinteresse erótico, fui dar de caras com o Vinicius de Moraes e aquele verso final do Soneto da Fidelidade: “Mas que seja infinito enquanto dure”. Tenho feito dele a minha doutrina desde aí.  Cada vez que me caio de amores pergunto logo: Já leste o Vinicius, não?
Uma relação dá trabalho - porque dá trabalho andar a par,  todos sabemos que sim (Elisabeth Badinter  diz que andar a par está perto de um negócio) - e na maior parte das vezes é uma tarefa hercúlea para a qual a nossa preguiça não está preparada, assoberbados que estamos pela falta de tempo e pela facilidade com que hoje encontramos tantas pessoas especiais e estabelecemos novas relações ( Boa Sorte, Vanessa da Mata).  E também porque, quando finalmente pomos mãos à obra,  esse trabalho de construção ou reconstrução necessárias descamba muitas vezes naquela aproximação pidesca onde já não estamos ali a construir nada mas sim a vigiar ou a cobrar episódios nos quais por amor à fidelidade usámos de alguma contenção - como naquela noite a dançar na discoteca Help -  e por isso nos achamos no direito de nos tornarmos no  Homem do Fraque. 
E então isso já não é nem fidelidade, nem construção, mas um excelente trabalho de vigilância em relação aos afectos do outro, uma fidelidade credora que faz com que muitas vezes desviemos  a atenção de alguém muito interessante que surgiu ali ao virar da esquina. I know, I’ve been there e é uma merda. Quando fico nervosa falo línguas estrangeiras. (...)"

Ler o texto na íntegra aqui 

Pensamentos matinais




I'm that feeling when you can't leave




*Imagem retirada daqui

As manhãs,



as tardes e as noites do meu presente são autênticas fábricas de desmontar o que não tem base sólida, o que dói, o que destrói e magoa para mais tarde então conseguir construir uma nova realidade.

Dos dias



Motivo para sorrir hoje:
Concerto do Rodrigo Leão no Coliseu e muitos passos de dança com as meninas no Salto Alto.


Estou a dias de realizar o exame mais importante da minha profissão e não ando a trabalhar menos de 10horas por dia, estou mais que exausta, aliás, já nem sei o que estou. Sei que ainda não estudei nada, estou ansiosa e em stress. Ajudou ter a mãe por cá nestes dias a organizar-me grande parte da minha vida e o regresso da MJ veio em boa altura.
 
Seja o que for, será muito bom concerteza.



De profundis amamus


"(..
abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
...
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso"
Mário Cesariny
 
 * imagem retirada daqui

E assim



nascem dias que são como um estalo certeiro na face com o objectivo de nos recordar que mesmo os planos mais bonitos e loucos devem ter na sua base um pouco de razão.

Como diz o outro: "Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."

O Bublé está cá. Há uns meses, o Bublé era um plano. Hoje é um estalo. Eu só iria vê-lo por um motivo. Há sempre um motivo. Para mim, no presente o Bublé não existe. Nem sei quem ele é.

Ontem foi o primeiro dia na terapia. Sou como uma bomba, diz a Dra. Uma bomba que se auto-mutila emocionalmente. Diz que tenho de parar de me ver como uma sobrevivente. E aniquilar os meus padrões. Que é a mesma coisa que dizer: gostas sempre das mulheres erradas, muda isso já. Não é por causa das mulheres que estou lá. Quer dizer, foram uma razão para perder o controle. Mas controlar como eu controlo não é bom, diz a Dra. Eu gosto da Dra. É inteligente e perspicaz. E não me disse que não fazia mal em chorar. Fiquei mais confortável. Eu já sei que não faz mal chorar. Mas entre isso e chorar, vai um grande mapa. Portanto, prevejo tempos de grande turbulência emocional. Tenho de ir à fonte. A fonte chama-se Joana e se hoje não existe na minha vida, há uns anos significou a transformação em mim. Estou preparada, é o que sei. E estou bem. É o que importa.

A ver vamos.

*imagem retirada daqui