Isto. 2011.


Escrito em 29/12/2010:
 
Tudo na entrega relaciona-se com o poder do auto-controle. Se entendermos a ideia da sobrevivência como um escape à vulnerabilidade perante o outro, então estaremos bastante longe de nos conseguirmos expor, abrir emocionalmente a alguém. A medida da nossa entrega será a medida do que seremos capazes de receber. Mesmo que nunca cheguemos a ter o que merecemos. Mesmo que a partir de certa altura, tenhamos o coração preso por um fio de sangue ao nosso corpo. Se a entrega for feita, então estaremos aptos a receber.
 
A estender a mão com uma chaves, e um convite. Não para passar a noite mas sim um convite a que nos descubram nos dias, nas noites, nos momentos replandescentes e nos momentos de abismo. Um convite a nos terem na nudez do que não queremos, alías, do que deixamos de conseguir esconder.

É isto que tenho vindo a descobrir. A certeza que por detrás de uma mente fodida e de um coração exausto, ainda me é possível escolher entregar-me a alguém. Leve o tempo que tiver de ser, ainda é possível. E nesta possibilidade, eu sinto-me mais eu que nunca.


"Tinha o vento contra a cara e as nuvens e as ondas do mar por conta própria. Sofria muito de amores e não havia amor que durasse que não magoasse. Jurava-me que um dia viria a não ser eu, sem saber o que dizia, sem antecipar a ilusão. Para me vingar de quem não gostava de mim, em primeiro lugar da minha mãe. E agora a dor de ser já quem se não queria, ultrapassada a irremediável distância que vai do desejo ao seu fim, sem nada mais poder adivinhar. Saudades de mim. De quem nunca fui."
 
Pedro Paixão in Quase gosto da vida que tenho 
 
 
Existem dias em que duvido que sinta o que quer que seja. Porque não me consigo expressar. Não consigo dizer as palavras que se travam no segundo anterior a serem voz. Sou confusão, manipulação de mim próprio. E prefiro não me conhecer neste exacto momento, do que falar e agir. Sou um risco. Sou um risco.
 
 

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