As histórias e as de qualquer coisa.




Gosto de histórias bonitas. De paixão, de Amor. Gosto que me contem os pormenores. A forma como se conheceram. Como tudo se desenrolou. Que me descrevam sensações. Momentos. Fixo-me nos pormenores. É ao que dou mais valor. Ouvi poucas histórias de Amor que me tivessem marcado. Talvez, porque entendo serem raras. Existem sentimentos raros. É a ideia que tenho. Gosto que assim se mantenha.

Tenho confesso pudor por histórias rascas. Histórias que se apelidam de Amor, mas que na verdade são apenas uma corrida desmedida por esse sentimento. São, a meu ver, histórias de ilusões. Apenas e só. As pessoas tendem a querer sentir tudo. A viver histórias encantadas por terem crescido a ouvi-las. A verem no cinema. Tomaram essas histórias com ponto de partida na felicidade. Não serei hipócrita ao ponto de não considerar que a vida será mais preenchida, quando temos algo que partilhamos com alguém. Seja com quem for. Eu considero a partilha algo bonito e necessário. E que nos faz crescer enquanto pessoas. É algo memorável. Mesmo quando existe um ponto final. Mas e os limites? Uma partilha só o será em todo o seu esplendor se verdadeira. Se na sua base existir verdade. Se não, é só um saco de lixo que nos esquecemos de colocar no contentor.

Posso admitir que a minha descrença vem muito dos outros. Do que eu vejo os outros a viver. Assusta-me a leviandade de algumas relações. Custa-me as coisas que se dizem da boca para fora. É algo que me aborrece, na verdade. E revolta-me. Faz-me pensar que muita gente não tem um dedo de testa e esqueceu-se do mapa onde se situa o coração. Ou o cerne dos sentimentos. Aliás, algum dia terão de acordar e perceber que provavelmente a maior parte do que viveram, resume-se a vazio e a perda de tempo. Sim, há quem prefira isso a sentir-se bem sozinho.

Eu sou uma idealista. Prefiro idealista a romântica. Mesmo que tenha uma seta cravada que me fez travar um mundo de coisas e situações. Tornei-me expert nas palavras para conseguir perceber a veracidade do que me dirigiam. Isto custou-me muito. Mas desde quando é que se prova alguma coisa sem gestos? Give me a break.

Lembro-me que aos 16 achava uma coisa. Era demasiado crédula nesta coisa dos sentimentos. E ingénua. Depois acordei para a vida e tornei-me suja. Suja, no sentido, de ter sido tocada pela vida infame. Há dois anos, lembro-me de estar apaixonada e de ter amado. E nesse ponto,  querer e desejar tudo com uma pessoa. Não me reconheci, na altura. Não me soava a mim própria. Parecia que dava passos numa nuvem. Era tudo demasiado bonito. Mas de vidro. Por isso, na primeira oportunidade, foi tudo ao ar. Fiquei rodeada de pedaços de vidro. E feri-me, como aos 16 anos. Vesti-me de aço. E repudiei todas essas formas de gostar e de estar com alguém. A partir daí, fui vivendo situações. No entanto, a bem escrever, nunca consegui libertar-me do medo. da descrença. Acho que estou mais fóbica do que nunca. Relativamente, a sentimentos. Ao crescente dos sentimentos. A entregar-me a alguém. A dar nomes às coisas. A assumir uma posição. Ao Assumir de alguém num sentido mais sério. Ou menos, volátil.

Não tenho problemas em dizer "Ando enrolada com aquela pessoa" "Ando a foder com esta ou aquela". Isto não me choca. Digo com toda a liberdade. Faz-me sentido. Habituei-me a não colocar nenhum peso nesse tipo de envolvimentos. São-me fáceis. Não me retiram nada. O que é dado na verdade não é dado. Porque nada sai de mim. Sim, talvez o tempo despendido.

O problema existe quando não é só corpo que existe. Não é só pele. Tesão. Orgasmo. Prazer.

O problema passa a existir quando conseguimos dizer que aquela pessoa é mais do que alimento físico. É intelecto. É emocional. É presente. E faz parte dos nossos dias porque queremos que faça. Porque é tão intenso que bloqueamos a nossa mente de racionalidade. Porque não queremos que nada nos impeça de viver o presente. Porque é esse acumular de momentos que nesta fase nos faz vibrar de contentamento.


Não deixei de estar fóbica. Não deixei de ficar em pânico.
Continuo com as amarras de sempre.

E no entanto, há tanto tempo que não me sentia tão livre para viver algo que sou tão eu.

"When chemistry appeares you will notice the differences immediately, and you will not want to leave."



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