A escrever é como me entendo melhor.



Prefiro escrever a falar. No entanto, gosto muito de conversar. mas existem certo tipo de coisas que prefiro escrever. Porque é mais rápido, menos partilhado, não existem argumentos contra a não ser os meus próprios, não sou interrompida e digo tudo o que quero dizer. por muito desorganizada que seja a minha escrita há sempre um fio. pode parecer que não à primeira vista. mas existe um fio que nos conduz. tal qual o fio do tampão. mas bem mais higiénico. (isto foi uma piada. riram-se? eu ri-me imenso, por acaso). também acho que sou muito mais verdadeira e sincera quando escrevo. escrever é ser eu própria. entendem? mas um ser eu própria mais limpo e mais puro.

quando quero dizer alguma coisa a alguém, escrevo. gosto de coisas que são ditas de rajada como se com medo que o mundo fosse acabar e não tivéssemos tempo de dizer tudo. por isso, escrevo como se estivesse numa maratona. e isso só poderia acontecer na escrita. lá fora, nunca participaria numa maratona. detesto correr. só se me levassem ao colo. faria jus ao meu sentir de diva. a espontaneidade em mim acontece muito assim. no escrever. é verdade. e isto vale claro para o bom e para o mau.

Isto tudo para lhe escrever a si. porque não tem sido fácil conversarmos. aliás, nada entre nós é fácil, a não ser a sintonia e a importância que ganhamos na vida uma da outra. escrevo-lhe porque não sei o que lhe dizer quando tento falar consigo. a última conversa terminou com um desconhecimento quanto à possibilidade de se recuperar o nosso espaço. veja que foi algo que nunca achei que iria ler/ouvir. há coisas que achamos que é para sempre. ingenuidade, pois bem.

Sei que a desiludi. Sei que provavelmente não esperava que eu o fizesse. Sei que sempre esperou grandes feitos da minha parte. Sei que acreditou que eu pudesse ser brilhante. Sei que me entendeu e apoiou quando tal não lhe era exigido. O que você conhece de mim ou conheceu, é imputado apenas a si. a essa capacidade tão sua e tão bonita de abrir portas fechadas há tanto tempo, sentar-se e fazer-me falar. Se calhar acha que eu sou uma farsa. Poderá estar confusa. Eu confundo. Sei o quanto você deu de si. Também sei que sabe o quanto que eu dei de mim. Perdemos-nos a meio do caminho. De tal forma que agora ao que parece já não nos reconhecemos. Lamento tudo isso. Lamento que creia que o nosso espaço é irrecuperável. Lamento que actualmente seja causa de desilusão para si e não de sorrisos como antes acontecia. Você sabe que eu lamento. Se eu poderia ter evitado? Duvido. Se foi ou se seria algo consciente? de todo que não.


não sei bem qual o intuito disto. uma forma de aceitar o fim? uma forma de perceber que tentamos e não conseguimos? uma forma de me despedir? Não sei, minha querida.


Gosto de si. Gosto muito de si. Lamento tudo o que de menos bom lhe causei a si e à sua vida mas não lamento tudo o que de fantástico partilhamos. e que foi tanto, sabe?

A sua fotografia, aquela que me ofereceu continua no mesmo local porque de alguma forma você nunca deixou de estar presente.


é o que acontece quando também eu recebo na minha vida alguém especial. é o seu caso, como sabe ou tem vindo a saber.


A Gui.


*imagem retirada daqui

Sem comentários:

Enviar um comentário